SXSW 2024: Além do Visível – Privacidade, Prognósticos Futuros, Acessibilidade e o Paradoxo Tecnológico
Porque o essencial é invisível aos olhos, não, pera...
Além das palestras agora temos a área expo com algumas tecnologias interessantes de serem demonstradas visualmente, fiz algumas gravações e vou compartilhar no Instagram nos próximos dias. Entre os conteúdos que selecionei estão:
Uma tecnologia háptica avançada, simulando toque com ondas sonoras (essa já está lá no Reels)
Um robô semi-humanóide, simpático, que parece um cartoon em 3D que pode ser utilizado em atividades lúdicas ou de tratamento
Uma tecnologia avançada de transmissão de hologramas que pode funcionar com objetos e pessoas usando uma captação simples com apenas uma câmera
Um robô de entregas no formato de um carrinho, que pode funcionar bem em condomínios fechados e internamente dentro de grandes prédios onde pode andar sem medo de ser vandalizado
No mundo das palestras fui das complexidades da privacidade e inteligência artificial até os desafios e possibilidades que o futuro nos reserva, cada tópico trouxe camadas sobre como moldamos (criamos) e somos moldados (influenciados) pela tecnologia.
Privacy and AI: Taking Back Control Of Our Data
Na era digital, nossos dados se tornaram moeda de troca, frequentemente negociados sem nosso consentimento explícito. Nessa palestra a querida Yaso (brasileira que você precisa seguir se tem interesse em identidade digital e privacidade), ressaltou a importância da privacidade, o risco dos dados expostos e alguns insights acionáveis para as empresas terem um papel mais ativo na proteção dos dados alheios.
A exposição e o uso indevido de nossos dados pessoais podem levar a uma série de problemas sérios, incluindo fraude, roubo de identidade, e perseguição. Alguém com seus dados por aí pode estar manipulando seus familiares, fazendo compras e tomando empréstimos em seu nome.
COMO PODEMOS RECUPERAR O CONTROLE DOS NOSSOS DADOS?
Legislação: O primeiro passos é que indivíduos e empresas estejam cientes das leis de proteção de dados aplicáveis, como a LGPD no Brasil e a GDPR européia, e se esforcem para estar em conformidade com essas regulamentações.
Controle de Dados: Empresas devem proporcionar aos usuários a capacidade de controlar seus próprios dados. Isso significa permitir que os usuários decidam se seus dados podem ser coletados e usados, e oferecer opções fáceis de usar para gerenciar essas preferências.
Infraestrutura de Segurança Proativa: Tanto indivíduos quanto empresas devem adotar uma postura proativa em relação à segurança dos dados. Isso inclui o uso de tecnologias de segurança avançadas, como criptografia e autenticação biométrica, e a conscientização constante sobre as melhores práticas de segurança (como 2 fatores de autenticação, senhas seguras e criptografia entre outras práticas).
Transparência: Manter uma política transparente sobre o uso de seus dados é fundamental. As empresas devem comunicar claramente como os dados são utilizados, armazenados e protegidos, além de agir ativamente em caso de vazamentos ou uso indevido dos dados em sua responsabilidade.
Educação: É essencial engajar e educar tanto funcionários quanto usuários sobre a importância da privacidade e segurança dos dados. Isso inclui treinamento regular e a criação de materiais educacionais acessíveis.
Factors Influencing the Future
Essa é a segunda aula que assisto sobre as metodologias do Future Today Institute. Nessa sessão Nick Bartlett compartilhou ferramentas para discernir entre sinais importantes e ruídos passageiros e também destacou a importância da adaptabilidade e do pensamento crítico na análise de futuros possíveis.
Segue um resumo dos principais aprendizados que tive nessa aula:
Por que é importante considerar tendências e sinais para o futuro?
Tendências e sinais indicam mudanças emergentes e potenciais no mercado e na sociedade. Identificar esses sinais ajuda as organizações a se prepararem para o futuro, em vez de apenas reagir às mudanças à medida que acontecem.
Isso garante que a organização permaneça ágil, resiliente e capaz de enfrentar disrupções imprevistas.
Como identificar sinais que se transformam em tendências?
Os sinais que indicam mudanças emergentes podem se transformar em tendências quando persistem, mantêm direção, escala e momento.
Uma tendência é uma coleção de sinais que demonstram um padrão claro e consistente ao longo do tempo.
A identificação de tendências exige um processo sistemático de monitoramento, análise e interpretação de dados e informações de uma ampla gama de fontes.
Qual é o critério para uma tendência ser considerada relevante?
Uma tendência é considerada relevante quando tem potencial disruptivo significativo, impacta mercados, clientes e competidores, e possui implicações práticas para operações e decisões de negócios.
Além disso, deve ser persistente e evoluir com o tempo, refletindo mudanças significativas que possam afetar a organização e o ambiente em que opera.
Como as organizações podem priorizar e alavancar tendências?
As organizações podem priorizar tendências analisando seu potencial disruptivo, horizonte de tempo, significado interno e impacto esperado no mercado e operações.
Alavancar tendências envolve transformar insights em ações estratégicas, desenvolvendo planos para explorar oportunidades emergentes e mitigar riscos associados.
Isso pode incluir a alocação de recursos para inovação, a adaptação de estratégias existentes e o investimento em novas tecnologias ou modelos de negócios.
Por que é importante ir além dos relatórios de tendências?
Embora os relatórios de tendências forneçam informações valiosas, eles são apenas o ponto de partida.
Para que as tendências sejam verdadeiramente úteis, elas devem ser acompanhadas de ação.
Isso significa traduzir insights em decisões estratégicas concretas e iniciativas que prepararão a organização para o futuro.
O objetivo não é apenas prever o futuro, mas preparar-se ativamente para ele, garantindo que a organização permaneça relevante e competitiva.
Design + Accessibility: A Semi-Dark Experience
Logo na entrada recebemos máscaras de dormir, ao longo da palestra fomos convidados a colocar as máscaras e acompanhar o dia de alguém apenas através dos sons. Foi uma introdução poderosa e não convencional para nos levar ao mundo da acessibilidade através da empatia.
ARA é um produto que permite pessoas com limitações de visão navegar no dia a dia através de vibrações e dá uma percepção 3D do ambiente. Uma evolução significativa da nada digital bengala que mostra apenas o que está no chão a frente.
A palestra não foi necessariamente sobre o produto, que você pode conhecer melhor no site oficial, mas sobre o processo de criação e desenvolvimento desde o conceito até a embalagem e o go-to-market.
CONCEITO INICIAL:
A inspiração veio ao observar as dificuldades enfrentadas por uma pessoa com deficiência visual em tarefas simples, como ir ao supermercado.
Outra ponto relevante foi observar que a bengala, um instrumento de mobilidade usado por pessoas com deficiência visual há séculos, permaneceu praticamente inalterada, a partir daí resolveram repensar e reimaginar uma solução que oferecesse independência e liberdade de forma mais eficaz e integrada à vida moderna.
DESENVOLVIMENTO:
O projeto começou pelo desenvolvimento de empatia com pessoas com deficiência visual através de atividades imersivas, como realizar atividades diárias com vendas nos olhos.
A partir daí foram criados protótipos simples, buscando solucionar problemas de mobilidade e autonomia, utilizando sensores e inteligência artificial para identificar obstáculos e terrenos variados.
O produto foi criado com tecnologia háptica que envolve o uso de toque para se comunicar com o usuário. Uma vibração no seu celular quando recebe uma mensagem é um exemplo de feedback háptico.
Para o ARA foi criada uma linguagem haptica que comunica com o usuário através de padrões de vibração, facilitando a navegação e oferecendo uma “sensação” de independência.
DESIGN:
Existiu um foco grande na criação de um design acessível e intuitivo, desde a embalagem que pode ser aberta de maneira simples por pessoas com deficiência visual até a escolha do nome “ARA”, inspirado em constelações para representar orientação e ajuda.
ALGUNS NÚMEROS
Demanda por Tecnologias Assistivas: Quase 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm algum tipo de deficiência visual ou cegueira.
Mercado Potencial: Até 2050, espera-se que 3,5 bilhões de pessoas necessitem de dispositivos assistivos, indicando um grande mercado para produtos como o ARA.
Uma mensagem final poderosa foi que você não precisa ser deficiente ou viver próximo de pessoas com deficiência para criar um produto como ARA. Em diferentes pontos da vida nos precisamos, ainda que momentaneamente, de tecnologias assistivas. Entender que isso é uma necessidade da humanidade e procurar se conectar com as pessoas que tem essas necessidades é um fator poderoso para trazer mais produtos como esse ao mercado.
Dichotomies: Visions of Technology’s Role in Divergent Futures
Através de um storytelling maravilhoso Mike Bechtel, Chief Futurist da Deloitte, destacou o diferencial humano no uso de tecnologias cada vez mais avançadas.
Ele começa explicando o poder da ficção especulativa para explorar cenários futuros onde tecnologias emergentes podem ter impactos significativos tanto positivos quanto negativos na sociedade. Narrativas ficcionais são uma ferramenta poderosa para imaginar as implicações éticas, sociais e econômicas dessas tecnologias. Além disso essas histórias servem como um meio de engajar o público em discussões mais profundas e significativas.
Para criar essas histórias e ao mesmo tempo imaginar o futuro, Bechtel enfatiza 3 características humanas que não dá para terceirizar para uma inteligência artificial:
Ingenuidade:
A ingenuidade envolve a capacidade de fazer perguntas criativas e desenvolver soluções inovadoras, indo além do conhecimento técnico para incluir pensamento crítico e uma abordagem holística aos desafios.
Ele sugere que a ingenuidade humana será cada vez mais valorizada à medida que enfrentamos dilemas complexos trazidos pelas novas tecnologias.
Empatia:
A empatia é destacada como uma qualidade fundamental para garantir que a tecnologia seja desenvolvida e implementada de maneiras que considerem os impactos humanos e sociais.
Ele defende a inclusão da perspectiva empática no design e na estratégia tecnológica, para criar soluções que verdadeiramente beneficiem a sociedade como um todo.
Iniciativa:
A iniciativa é apresentada como a capacidade de agir proativamente, sem necessidade de direção externa, impulsionando a inovação e a mudança positiva.
Ele sugere que promover uma cultura que valorize a iniciativa pode ajudar organizações e sociedades a se adaptarem e prosperarem em um futuro incerto e tecnologicamente avançado.
Você pode baixar os relatórios de tendências e as estórias de ficção especulativa da Deloitte nesse link.