SXSW 2024: Entre Possibilidades e Responsabilidades – Cenários Futuros, Explorando AGI e Design
Existem aprendizados em todos os lugares se você prestar atenção
Hoje foi um dia sobre intersecção. O que cenários futuros, Inteligência Geral Artificial (AGI), e vozes femininas no design tem em comum?
Uma palavra que tenho ouvido muito por aqui, mas dessa vez significados mais amplos é empatia.
Tem se falado de empatia em todos os lugares, no desenvolvimento de produtos, na liderança, na inovação, no marketing, na sustentabilidade, na inteligência artificial, na ética, na transformação digital, na experiência do usuário, basicamente em todos os lugares.
A inteligência artificial pode transcrever o que outra pessoa disse, pode analisar emoções, mas tudo que ela dá são possibilidades calculadas. Somente você pode sentir e se conectar emocionalmente.
What If Scenarios
A animadíssima e genial Sam Jordan do Future Today Institute abordou várias questões sobre a utilização de cenários futuros para aprimorar a resiliência corporativa. Aqui um pequeno resumo do que aprendi nessa aula:
Os cenários “E se” são narrativas baseadas em dados e evidências que nos permitem explorar futuros plausíveis. Essas narrativas ajudam a responder a perguntas estratégicas, como:
Quem poderiam ser os vencedores e perdedores em vários futuros?
O que podemos ganhar ou perder em diferentes versões do futuro?
E qual é o nosso futuro preferido e como podemos torná-lo realidade?
Uma parte fundamental do processo é identificar as incertezas que podem impactar o futuro da sua indústria. Isso envolve considerar uma ampla gama de áreas, como social, tecnológica, econômica, entre outras (STREEEP + W). Compreender essas incertezas ajuda a organização a se preparar para diferentes possibilidades, garantindo que não seja pega de surpresa.
FORESIGHT ESTRATÉGICO PASSO-A-PASSO
Empregue metodologias de foresight para explorar múltiplos futuros plausíveis e preparar sua organização para o que pode vir.
Utilize dados e evidências para criar cenários que explorem diferentes futuros. Isso ajudará a antecipar mudanças e preparar estratégias adaptativas.
Lembre-se de que o objetivo não é prever o futuro exatamente, mas estar preparado para uma variedade de possibilidades futuras.
Use o modelo de eixos de incerteza para examinar como diferentes incertezas podem interagir e impactar o futuro. Isso estimula um pensamento estratégico mais profundo.
Desenvolva cenários que não apenas ensaiam o futuro, mas também colocam os decisores dentro desses futuros (empatia), motivando a ação estratégica.
Artificial General Intelligence: Possibility & Responsibility
Shane Legg, cofundador e Cientista-Chefe de AGI na Google DeepMind é o cara que cunhou o termo AGI (Artificial General Intelligence) e acredita que existe 50% de chance de termos uma AGI em 2028. Aqui estão meus principais aprendizados dessa conversa inspiradora que ele teve com Reed Albergotti, editor de tecnologia na Semafor :
FUNDAMENTOS DA AGI
AGI refere-se a sistemas que podem realizar uma ampla gama de tarefas cognitivas que humanos são capazes de executar, possivelmente até ultrapassando-as em diversas áreas.
Para avança na pesquisa de AGI, Shane Legg acredita que a arquitetura da computação precisa evoluir, os LLMs atuais não bastam, é preciso beber da neurociência e psicologia para simular sistemas mais reflexivos e que decidem de forma mais análoga ao ser humano.
Por outro lado, a combinação de um aumento em capacidade computacional, algoritmos avançados como deep learning, insights da neurociência e a disponibilidade crescente de dados são fatores que indicam um avanço significativo rumo à AGI nas próximas duas décadas.
Apesar da AGI oferecer possibilidades incríveis para avanços científicos e médicos, como demonstrado pelo projeto AlphaFold da DeepMind, a ideia da AGI também apresenta desafios significativos, incluindo questões de segurança, ética e impacto sociocultural.
O QUE FAZER ENQUANTO A AGI NÃO CHEGA?
Organizações e sociedades devem se preparar para as profundas transformações que a AGI promete trazer. Do mesmo jeito que a revolução industrial alterou a atmosfera, as roupas que usamos, as leis trabalhistas, a estrutura econômica, o comércio internacional, a estrutura familiar e as relações de gênero, a AGI também mudará profundamente nossa sociedade.
À medida que nos aproximamos da realização da AGI, torna-se cada vez mais importante investir em pesquisa de segurança para garantir que os sistemas de AGI sejam alinhados com os valores humanos e operem de maneira segura e benéfica.
Com a potencial automação de uma ampla gama de tarefas cognitivas, a sociedade precisa se preparar para mudanças significativas no mercado de trabalho, promovendo a requalificação profissional e explorando novos modelos econômicos.
Enquanto nos preparamos para os desafios, devemos também nos organizar ativamente para aproveitar as aplicações benéficas da AGI em áreas como saúde, ciência, energia e mais, visando soluções para alguns dos problemas mais prementes do mundo.
A AGI vai chegar em 2028? Eu particularmente prefiro não apostar a favor ou contra, mas com certeza precisamos nos transforma como sociedade e indivíduos antes disso acontecer.
Lightning Talks by Women Talk Design
Ao entrar nós recebíamos cards para avaliar as palestrantes, eram 3 palestras, mas também era um workshop sobre oratória pública. Na platéia majoritariamente feminina as pessoas estavam ali para aprender sobre design, mas também sobre se apresentarem em público.
Em primeiro lugar quero compartilhar algumas coisas que aprendi sobre design:
MIRANDY KIM – RESILIÊNCIA NO DESIGN
O primeiro talk foi sobre a importância da resiliência para os designers em tempos econômicos desafiadores, incentivando a inovação dentro das limitações.
Mirandy defendeu o aprofundamento na fase de descoberta do design, mesmo quando as condições são adversas, reforçando a ideia de que as restrições econômicas podem, de fato, fomentar a criatividade e a inovação.
Foi um lembrete de design é sobre resolver problemas, e não deixar as coisas bonitas.
MELODY ETHLEY – INVESTINDO EM ESPAÇOS COTIDIANOS
O design de espaços cotidianos, como bibliotecas, pode afetar diretamente a conexão e o bem-estar das pessoas, destacando a necessidade de considerar todos os usuários em nossos processos de design.
Ao longo da apresentação de Melody ela mostrou como vários sinais poderiam ser melhorados em termos de acessibilidade, clareza e significado para criação de comunidades mais acolhedoras e integradas.
ELISE ENTZENBERGER DAYTON – DESIGN EMOCIONAL
Elise Entzenberger Dayton compartilhou profunda reflexão sobre a interação entre emoção e design, inspirando-se no trabalho pioneiro de Don Norman.
Ela explora a ideia de que o design não é apenas uma questão de estética ou funcionalidade, mas também de como ele evoca emoções nos usuários. Elise destacou três níveis de design emocional, conforme delineado por Norman:
Visceral: O impacto imediato que um design tem sobre nós, evocando reações primitivas baseadas em sua aparência. Este nível fala sobre a primeira impressão e o apelo instintivo de um design.
Comportamental: A eficácia e a usabilidade do design, e como ele se comporta durante o uso. Este nível concentra-se na experiência prática do usuário e na funcionalidade do design, enfatizando a importância de um design que não apenas pareça bom, mas também funcione bem.
Reflexivo: A relação mais profunda e significativa que formamos com um design, baseada em como ele se relaciona com nossa autoimagem e os valores que projetamos através dele. Este nível aborda o impacto a longo prazo do design em nossas vidas e como ele nos permite expressar quem somos.
Em segundo lugar o que aprendi sobre oratória.
Durante o workshop perguntaram uma coisa que demorei um pouco para responder: Qual o medo que você tem de falar publicamente?
Eu não tenho medos que me impeçam de falar publicamente, mas mesmo falando publicamente por mais de 30 anos, eu tenho sim alguns medos.
Toda vez que me apresento, seja numa sala de aula ou em um auditório eu tenho medo de não atender as expectativas da audiência, de que ela não se conecte com os exemplos ou não se engaje nas histórias que eu preparei. Mas o importante é que esse medo não é paralisante para mim. Então se você tem medo de falar publicamente saiba que mesmo quem faz isso todos os dias tem medo, e às vezes precisamos fazer as coisas com medo mesmo.